Vamo simbora daqui?

– Vou largar tudo e me picar do Brasil.
– Rapaz…muita gente está fazendo isso mesmo. É uma excelente opção.
– Não é? Segurança, poder de compra, qualidade de vida…

É bastante frequente esse tipo de conversa acontecer nos encontros de amigos.

Acontece muito comigo e não foi diferente num desses almoços da sexta pelos shoppings da cidade. Eu e o metal brother Camilowsky marcamos para atualizar as novidades da vida, ouvir conselhos e dar muita risada das idiotices e infantilidades de 5ª série que todo homem que se preze fala nesses encontros. Mas desta vez eu questionei se seria realmente excelente abandonar tudo aqui e se aventurar em terras estrangeiras.

Cheguei a conclusão que não existe um “certo” e um “errado” para a resposta dessa pergunta e que ela varia de acordo com cada contexto, cada momento, cada pessoa.

Tipo: “É bem provável que talvez”, como eu costumo responder naqueles momentos de 5ª série.

Aliás, eu até escrevi algo semelhante neste artigo aqui: https://www.linkedin.com/pulse/ir-ou-não-eis-questão-lau-yamazaki/

Até bem pouco tempo atrás eu era defensor da imigração para “terras mais civilizadas”. Lugares onde existe segurança de verdade. Andar na rua de noite sem se preocupar com assaltos e poder usar um celular sem a nóia de estar sendo observado para um bote repentino.

Por falar em celular, ter a oportunidade de comprar um sem ter que vender um rim ou entrar num financiamento de 120 meses. Até a última parcela, o celular já estaria completamente ultrapassado, se ainda não tivesse sido roubado.

Acesso a cultura, shows, atrações, educação formal e doméstica. Gente…educação! Olha que coisa fantástica!

Além de milhares de outros argumentos que podemos listar facilmente quando queremos fazer valer o viés de confirmação.

Mas o que é esse “largar tudo” e ir embora?

O que vamos deixar para trás num recomeço nas terras alheias?

Eu comecei a listar, de coração aberto mesmo, esse “entulho” que acumulamos ao longo da vida no local que vivemos e que de forma ingênua eu mesmo vociferava que deixaria para trás para morar em outro lugar.

E deixaria mesmo se tivesse criado oportunidades para isso acontecer.

Mas eu não criei na época.

O tempo passou eu fiquei por aqui. E agora, beirando os 50 anos as oportunidades é que batem na porta para perguntar com a cara mais lavada do mundo: “E aí, bonitão? Vamo simbora daqui?”

Depois de ter passado por uma rápida experiência assim, eu pondero se na minha condição uma imigração vale mesmo a pena.

O mundo mudou (jura, Lau?) e o fator determinante para justificar esse movimento já não é mais tão determinante para o meu contexto.

Abrir mão de encontrar as pessoas que fazem diferença em sua vida. Parentes, amigos, colegas de colégio, até mesmo as pessoas chatas que mudaram com o tempo e as pessoas legais que agora estão um porre! Ninguém aguenta. Mas faz parte.

Abrir mão de lugares que você se identifica. Que você vai com frequência e aproveita o que nenhum outro lugar vai te oferecer.

Abrir mão de particularidades que só tem ali, onde você vive. Da estrutura que você construiu (ou que ainda está construindo), das coisas erradas para você ter do que reclamar, daquela comida que você tanto gosta e que fala que “não é a mesma coisa” quando come a genérica em outro lugar.

Abrir mão de se sentir em casa e não ser sempre o “estrangeiro”, privado de muitos benefícios e sofrer preconceitos de forma bem explícita. Nem todo povo é acolhedor como o brasileiro, afinal.

Talvez eu esteja entrando na fase do nômade sazonal: vou mas volto. Faz mais sentido. Pelo menos pra mim, para a minha idade, para o meu propósito, para o meu interesse e para o meu…conforto. Sim e não há nada de errado nisso.

Hoje podemos trabalhar em qualquer lugar. Para qualquer empresa. Bem…nem todo mundo pode. Mas na minha área de atuação isso é muito comum. E eu acho isso fantástico.

Meu empregador ou meu cliente pode estar em qualquer parte do globo e nada nos impede de trabalhar juntos. Se precisar ir lá para reuniões, semanas de trabalho, imersões, seja lá o que for, basta ir. E depois voltar.

Como turista ou como nômade sazonal eu aproveito as coisas boas quando é conveniente. Depois volto para aproveitar as coisas boas que são convenientes na minha casa.

Eu acho importante ter a minha base aqui.

– E as coisas ruins que você comentou?

Cada lugar tem suas coisas ruins. Não existe cidade, estado, região, país perfeito. Sempre vamos pagar um preço no lugar em que vivemos. Mas há de se colocar na balança também as coisas boas. E as coisas boas que eu tenho aqui são muito valiosas para ter a oportunidade de trocar por um iPhone mais barato.

Não estou dizendo com isso que eu não iria de forma alguma. Mas que para isso acontecer, os argumentos precisam ser muito efetivos para me convencer.

E você?

No seu contexto vale a pena largar tudo e ir pra outro lugar?

Você tem ideia do que é esse “tudo” que você abriria mão?

O que te convence? Dinheiro, segurança, acesso a diversas coisas, carreira, esperança?

Comenta aí para eu saber. 🙂

Siga em frente. Sempre. E até o próximo acampamento.

Tá refletindo sobre sua vida, né?

Eu aposto que sim.

Apesar de parecer algo muito óbvio, acredito que estamos vivendo um período no qual esse tipo de pensamento está mais presente, mais frequente nas suas reflexões diárias. Em todos os aspectos e por muitos motivos.

Eu, por exemplo, não lembro de ficar nessa ansiedade há alguns anos. E não acho que seja apenas por causa da idade – e os sintomas da consciência da nossa finitude – mas também por causa do momento que atravessamos.

E ao refletir sobre minhas reflexões (há!), listei alguns pontos que fazem parte de minha inquietude e que provavelmente fazem parte das suas também.

Aviso aos ansiosos de plantão: o texto é um pouco mais longo do que tinha planejado. Mas acho que vale a pena chegar até o final.

Sente, respire, beba uma água e venha comigo.

1. Pandemia

“Putz, Lau! Vai chover no molhado?”

Tá, eu sei que já se falou de tudo sobre a pandemia. Mas você já parou mesmo para pensar a extensão do impacto dela na sua vida? Óbvio que mudou o mundo, que mudou tudo e mais um pouco. Mas e em sua vida? Você só pensou nos aspectos negativos? Teve aspectos positivos?

O que mudou em sua forma de pensar depois de março de 2020? Suas relações, suas perdas, sua maturidade, sua liberdade, suas prioridades, suas crenças, sua ideia de futuro?

Será que a gente consegue ao menos medir o que esse desvio de rota causou no nosso psicológico?

Quantos comportamentos novos (ou estranhos) você notou em você e nas pessoas de sua convivência?

2. Falta de…propósito

Eu até uso bastante a palavra “propósito” mas ela já ficou bem clichê.

Não dá para negar que ultimamente temos visto uma grande discussão em torno dele, principalmente no contexto de trabalho. Gurus, coachs, líderes, mestres, têm apresentado caminhos e metodologias para buscarmos o propósito, uma razão, um Ikigai. Sem ele a sua vida vai girar em torno da perdição e da infelicidade.

O fato é que há uma grande propaganda em torno da “busca pelo que te faz feliz”. Eu não sou contra isso mas o discurso parece sugerir que você tem que largar tudo o que te incomoda e identificar aquilo que só te traz prazer ao trabalhar.

Gente, isso não existe. Pelo menos pra mim.

Sempre vai ter problema, percalços, clientes sem noção, chefes beócios, sensação de tempo perdido, discordâncias. E tudo isso pode ser pelo simples fato de que você esteja medindo o mundo com a sua régua. Não tem como saber as motivações reais ou estratégias corporativas para algumas coisas acontecerem.

E se a cada entrave você quiser “largar tudo” ou ficar pensando na megasena para mudar de vida…

Muitas vezes não é “falta de propósito” e sim o apego ao discurso da felicidade constante.

3. Fragmentação da atenção

A moeda mais valiosa do mundo atualmente é a sua atenção.

As empresas fazem de tudo para que você, mesmo sem a consciência disso, entregue toda a atenção que puder para os seus produtos e serviços. É um verdadeiro bombardeio de estímulos desleais que sofremos a todo momento.

E o pior é que acreditamos que o melhor lugar para se estar nessa guerra da atenção é no meio do tiroteio, ostentando com orgulho (mas sem consciência) a condecoração do FOMO (Fear of Missing Out – ou medo de estar desatualizado em tradução livre). Daí nossa atenção ser tão fragmentada e acharmos de verdade que somos multitarefas.

E isso só é possível graças ao próximo tópico.

4. Hiperconexão

A hiperconexão acontece até mesmo quando você está dormindo. Tem aplicativo que mede a qualidade do seu sono – através do seu celular ao lado da sua cama ou do smartwatch no seu pulso. Estamos incessantemente conectados e gerando dados que estão circulando por aí, na nuvem.

Não temos tempo para identificar e interpretar nossos reais sentimentos. Nossas reais experiências. Estamos ocupados deslizando na timeline ou tirando selfies para construirmos nossa identidade com a aprovação alheia. Passamos o dia alimentando nosso “digital self”, que é muito mais real e tem muito mais memória do que nossa existência material.

O nosso vazio existencial aumenta à medida que a completude do nosso digital self também aumenta.

E eu nem vou comentar sobre as crianças e adolescentes. Deixo para um próximo artigo.

5. Relações superficiais

Não é à tôa que as relações passam a ser mais efêmeras, voláteis, superficiais. Assim como a gente já tinha o hábito de zappear entre os canais da extinta televisão (que hoje é apenas mais um suporte para a internet), trocamos de videos no youtube, de posts em blogs, de feeds no instagram, de dancinhas no tiktok, com a mesma facilidade com que damos ou não match no aplicativo de “relacionamento”.

A tolerância e a empatia com os pares são as coisas mais raras de se encontrar atualmente.

O critério de seleção começa pela sua aparência. Aliás, na maioria das vezes é assim mesmo, né? Se a estética agrada, joga pra direita. Se não, joga pra esquerda.

Com essa mesma “facilidade” os casais reavaliam namoros, noivados, casamentos, histórias de vida juntos. Principalmente depois dos 30 anos.

A construção é individual agora. É egoísta. Eu quero ser feliz e você tem o privilégio de estar ao meu lado me fazendo feliz sendo perfeito(a). Caso contrário…deslizo pra esquerda.

Em tempo: na amizade é a mesma coisa.

“Próximo(a)!”

6. Algorítmos

Bobinhos…vocês acreditam que estão lendo esse artigo porque acharam o título interessante?

Nahhh…quem determinou essa leitura foram os algorítmos. A gente já ouviu falar. Só não sabe que bicho é esse, né?

Os algorítmos são a forma digital de Deus. São eles que determinam o destino de sua vida, suas escolhas, suas felicidades, suas tristezas, suas relações, suas experiências, sua aprovação social. Enfim, já entenderam, né? Os algorítmos são o seu “livre arbítrio”.

Não tem muito como escapar. E mesmo que você tenha a real noção sobre isso, uma pergunta resta: você gostaria mesmo de escapar?

Segundo um cantor famoso: “Narciso acha feio o que não é espelho”.

7. Voz (e vez) aos idiotas

Você pode até não concordar com tudo o que eu disse até agora. Mas taí algo que você não vai discordar: a internet – e todos os seus desdobramentos – deu voz aos idiotas. E isso te irrita.

Quantas e quantas vezes você já se deparou com absurdos ou imbecilidades ao longo de suas jornadas por timelines? Militâncias, preconceitos, vergonhas alheias, bullying, mentiras e tantas coisas mais.

Sou contra a relativização de tudo mas será que nosso critério de rotulação para a imbecilidade não está diretamente relacionado com nossas referências e gostos pessoais?

Tipo: todo mundo tem acesso e fala (quase) tudo o que quer. Inclusive você.

Ou seja, para outras pessoas você pode ser um…gênio. 😉

Mas voltando aos idiotas, talvez essa newsletter seja um bom exemplo disso. 😀

Tudo isso causa, na forma mais branda, a ansiedade, a inquietação, a depressão, a insônia. E todos esses tópicos estão intimamente relacionados. Uma coisa puxa a outra.

É por isso que eu acredito que você tem refletido bastante sobre a sua vida. Talvez não diretamente sobre os tópicos que listei.

Mas sobre essa inquietação que nos aflige enquanto pintamos nossa grama de verde diariamente.

E para não dizer que eu só trouxe mais inquietações e nenhuma resposta, segue um exercício que eu faço ao final do dia e que me ajuda bastante: uso um “planner digital” que tem uma seção onde eu escrevo respostas para as seguintes perguntas:

  • O que me irrita?
  • O que me deixa ansioso?
  • O que me empolga?
  • Pelo que sou grato?

Obviamente isso não vai resolver os seus problemas mas o fato de você escrever, tirar da sua cabeça e colocar no…”virtual”, vai ajudar a você ter mais clareza sobre o que está acontecendo na sua vida.

Foi por essas e outras que em 2015 montei um curso (que era presencial) e que se chama Vida Digital, que abordava essas e outras questões. Basicamente sobre como viver em uma sociedade hiperconectada. Ao longo desses últimos anos muita coisa mudou e preparei uma atualização supimpa para esse curso (que agora é online, claro!), com uma turma que começa agora em maio de 2022. Se você tiver interesse em conhecer um pouco mais, clica aqui. A pré-inscrição é gratuita. Nem dói.

A ideia é hackear quem está te hackeando. Hehehe.

Bom, se você chegou até aqui e não estava pensando na sua vida, agora está. 😉

Siga em frente. Sempre.

E até o próximo acampamento.

Nem tudo são dores

Noites de terças são geralmente prazerosas aqui em casa. Eu e minha esposa reservamos essas noites para nós. Isso é inegociável. Não tem outro compromisso. Eu toco violão (que ela adora) e ela faz o jantar (que eu adoro). E assim é toda terça.

Mas numa dessas terças houve um “acidente de percurso” na hora do jantar. No meio da fabulosa experiência gastronômica, de repente, senti um barulho estranho no dente 46 (ou primeiro molar inferior direito). Só sei isso porque minha esposa é dentista.

O dente havia trincado.

Exatamente o dente que há alguns meses eu precisei fazer um canal.

E a avaliação de minha esposa não era nada animadora.

“Parece que é caso de implante agora. Preciso de uma tomografia para avaliar a extensão da rachadura”.

Lascou! – pensei com frio na barriga.

Implante? Vai ter que extrair, usar uma britadeira para entrar com um parafuso no osso da mandíbula, bater com martelo, soldar o dente fake com maçarico…E agora?

Só em ter que passar por essa jornada eu já fiquei bem desanimado.

Me senti como se Caronte tivesse acabado de me deixar na outra margem do Aqueronte e eu estava encarando as portas do inferno, prestes a deixar todas as minhas esperanças ali fora. Mas isso não era comédia. E muito menos divina. Dente com problema não é coisa de Deus.

Porém, toda jornada precisa do primeiro passo para acontecer e a consciência de que é preciso ter resiliência e constância para completá-la.

E, claro, começa a passar um filme na cabeça com flashes de tantos outros acontecimentos da minha vida (profissionais e pessoais) que me trouxeram até aqui.

Casamentos, filhos, cursos fora do País, trabalhos freelance, empreendedorismo, estudos na madrugada…são muitas experiências e todas elas precisaram de um pontapé para começar. As vezes coragem, as vezes empolgação…mas no caso do implante eu não tinha nenhuma das duas.

O engraçado é que eu escuto esse mesmo discurso no processo de mentoria para migração de carreira para UX Design. Acabei associando isso aos meus mentorados e suas jornadas para entrar nessa área. Não que a migração seja entrar no inferno – longe disso – mas todo processo é demorado e às vezes dolorido. Tal qual esse procedimento no meu dente.

Em muitos casos, eles relatam que algo está trincado na vida deles. E essa rachadura geralmente tem a ver com pouca grana, desestímulo com o trabalho atual, falta de desafios, falta de propósito, inércia, entre outras coisas.

Nos seus discursos, acreditam que a migração será bacana para eles e que, ao final, serão bem remunerados, terão plano de saúde e vão amar entrar nessa “área nova” que tá bombando. Na maioria das vezes não é assim. Mas assim foi dito para eles.

Além da coragem e da empolgação é preciso ter paciência. E entender que a jornada tem seus altos e baixos.

Há de se abdicar de muitas coisas mas o progresso contínuo é o combustível que alimenta a empolgação para continuar.

Daí voltei para o meu problema no dente e escutei a consciência de forma carinhosa soprar gentilmente nos meus ouvidos: “Larga mão de bestagem, seu merda! Marca logo a cirurgia e resolve logo esse dente aí!”

Foi o que fiz.

E, para minha surpresa, ao ler as recomendações do cirurgião para o pós-operatório, me deparo com um item explicitando que poderia usar e abusar de sorvete. Isso mesmo: SORVETE! E eu ainda poderia escolher o sabor! Claro, quem me conhece já sabe: flocos!

Além disso, deveria evitar falar muito e não fazer exercício físico. Oh, glória!

Tá, eu sei que eram apenas por 3 dias mas não foi difícil hackear isso, né? Obrigado Liquid Paper!

Enfim, recadinho maroto para a patota do barulho que vai encarar uma jornada: A estrada pode ser longa mas nem tudo são dores.

E sorria ao longo da jornada. Mesmo sem o dente.

Motorhomes

Já tem um tempo que eu venho assistindo alguns canais no Youtube sobre motorhomes. Tanto do pessoal que produz conteúdo quanto dos que fabricam essas casas fantásticas.

Confesso que isso acabou virando um sonho de consumo. Me imagino fazendo viagens e conhecendo muitos e muitos lugares maravilhosos à bordo de uma casa itinerante. Já até investiguei se haveria alguma resistência ou consideração de minha esposa para uma aventura dessas. Felizmente, houve até incentivo.

Porém, um brinquedo novo desse é bastante caro e justificaria se nós realmente adotássemos uma vida nômade. O que, nesse momento de nossas vidas, não é o caso.

E não é o caso porque os filhos ainda estão no colégio. Não dá para sair pelo mundo e deixá-los aqui. Nós ainda somos partidários da escola presencial. Sei que isso talvez mude um dia…

Mas quem sabe, com o passar do tempo e a consequente independência deles, esse sonho se torne mais factível. Só espero que não demore muito…ou que a gente perca o “espírito aventureiro” que temos agora.

Eu sigo em frente. Sempre.

L.

Quem vai é o coelho!

Chega um determinado momento da vida que você começa a dizer “Não!” para as coisas que você não quer, e nem precisa, fazer. E o engraçado é que isso tem aumentado a frequência rapidamente comigo. Acho que posso concluir que estou ficando velho rápido demais?

Estou no Beach Park comemorando o aniversário de Jujubinha. E tem um tobogã extremamente radical chamado Insano aqui. Provavelmente você já conhece né?

Pois…me vi numa inquisição nos últimos meses para saber se eu iria ou não enfrentar esse desafio. E eu respondia sempre: “Não sei…vamos ver quando chegar lá.” Cheguei. E não fui.

Fui em diversas atrações, até bem radicais também. Mas essa é, realmente insana. Qual o sentido de despencar de uma escorregadeira com 41 metros de altura? Pra sentir o refluxo bater no cérebro? A sunga entrar no rabo e molhar todas as suas entranhas? Permitir que entre água em seu nariz e fazer uma lavagem com cloro?

Sinceramente? Nessa altura do campeonato eu não preciso passar mais por isso. Minhas aventuras e radicalismos são outros. Frio na barriga? Só se for pra pegar o sorvete de flocos no freezer da Kibon.

E foi a mesma coisa com aquele diabo de torre no Beto Carrero World. Aquela que despenca de mais de 100 metros. O coelho que vai.

Fui até no Fire Whip…mas naquele negócio de despencar lá de cima…sorry, babe. Vou não.

Enfim, fico feliz em poder dizer NÃO com o argumento da idade, sem necessariamente assumir que é medo mesmo.

E assim vamos.

Eu sigo em frente. Sempre.

L.

Eu aprendi a amar literatura

Tava assistindo um curso online sobre escrita criativa e, em determinado módulo, o professor falou sobre suas influências literárias. E isso me fez pensar nas minhas.

O primeiro nome que me veio na mente foi a do escritor japonês Haruki Murakami, do qual eu já li diversos livros e gosto muito. O mais engraçado talvez, é que eu não seja tão fã de seu estilo – apesar de ser – mas o que me encanta mais é o ar de mistério, introspecção e mitologia criada em torno do próprio escritor.

Vejo o Murakami como eu gostaria de ser num futuro próximo. Escritor, corredor (ok…talvez eu não vá correr maratonas mas gostaria de pelo menos dar uma volta no quarteirão correndo), apreciador de jazz. Isso tudo me remete a um estilo de vida sensacional. Quem sabe eu não me enveredo um pouco mais, né?

Um outro autor que foi comentado foi o Kerouac. Mais pelo On the Road do que por outro livro. Esse, especificamente, eu amei ler. E depois, dei de presente para meu filho para que ele o lesse. Até hoje eu acho que ele ainda nem abriu o livro. Enfim…

O aparador no campo de centeio foi outro livro comentado mas que não chegou a ter um impacto em mim como o do Kerouac ou os livros do Murakami – especificamente o 1Q84. Mas, sim, curti ler o livro.

Ao longo da minha maturidade eu aprendi a amar a literatura. Assim como nos relacionamentos, o amor é uma construção e precisa de uma paixão para acontecer a longo prazo. Eu tive a sorte de me apaixonar por livros fantásticos e isso alimentou o amor que eu tenho pela literatura. Acredito que todo mundo pode amar a literatura. Basta se abrir para encontrar a primeira paixão.

Hype das mentorias

É a vez das mentorias.

Vejo muitos posts nas redes sobre mentorias que estão surgindo. E isso me lembra aquela época onde todo mundo era Social Media Analist. Bastava fazer um curso no Coursera ou Udemy e a pessoa já poderia ser empregada como Social Media. Ou até mesmo saber postar na plataforma e já era Social Media.

Será que estamos vendo uma nova “bolha” surgindo? A cada ciclo é uma novidade com lastro no vazio.

Vejo também acontecer no fanstástico e bem-remunerado mundo do UX. Todo mundo quer fazer uma migração para UX e boa parte desses por causa da remuneração. É verdade que o mercado está pagando bem…mas também não sabe avaliar direito quem entrega UX de verdade.

Por falar nisso, meu programa de mentorias (hehehe) precisa de uma atualização. Já está bem estruturado de forma geral mas tenho que implementar os detalhes nos materiais e nas apresentações dos módulos.

Acho que fica pronto para 2022.

Eu sigo em frente. Sempre.

L.

Again

Férias acabaram.

Na verdade nem foram “férias” de verdade. Foram 2 semaninhas para relaxar a cabeça e me preparar para o novo desafio na nova empreitada CLT. Que aliás é mesmo um desafio, viu? E tem sido uma jornada de aprendizados de um novo idioma. Estou curtindo bastante.

De toda forma, essas duas semaninhas foram repletas de viagens e momentos para estruturar algumas coisas que estavam pendentes. Ainda tem muita coisa para fazer mas consegui adiantar várias.

O fato é que com essa estratégia de diversificação de meus trabalhos, preciso estar bastante organizado para conseguir dar conta do recado. É difícil e exige muita força de vontade e foco. Mas os resultados são magníficos.

Eu venho pensando ultimamente que deveria escrever mais. Gerar mais conteúdos e jogar isso na rede. Mas as vezes vem uma preguiça ou um pensamento do tipo: “Que diabos é que vc vai falar?”. Há um bom tempo eu tinha o hábito de escrever quase que diariamente para meu blog. Depois isso foi diminuindo até que parei. Tenho muita vontade de voltar a escrever diariamente. Ou pelo menos, com uma frequência maior. Bem maior.

Quem sabe não começo por aqui ou, sei lá, escrevendo artigos no LinkedIn. Não queria somente escrever direcionado ao meu campo profissional. Seria um blog mesmo.

Bom…vou tentar.

Eu sigo em frente. Sempre.

L.

De volta

Tava na hora de voltar a escrever alguma coisa, né?

Muita água já rolou desde do começo da pandemia até agora. Já estou indo para a terceira empresa. Montei uma mentoria que está rodando legal pra galera que está migrando para a área de UX. Fui selecionado para mentorar em outras mentorias (nacionais e gringas), enfim…muita coisa.

Em alguns dias eu vou entrar em 2 semaninhas de “férias” para preparar a respiração e a cabeça para o próximo desafio. Acredito que será muito massa e vai ser um grande aprendizado. Já estou ansioso por isso.

Quero agora escrever aqui com mais regularidade e trazer também questões mais técnicas ou que tenham a ver com o dia a dia do trabalho que faço. Vamos ver…dizem que tem que ter um planejamento de conteúdo, né? Aquilo que eu faço pros meus clientes. Agora tenho que fazer para mim. Heheheheh.

Em breve sai.

Não vou me demorar não. Bate papo mesmo. Sem revisão, sem pensar mesmo.

#fui

Eu sigo em frente. Sempre.

L.

The good, the bad and the ugly.

Bom, já tem um tempo que eu não escrevo aqui. Não faz tanta diferença porque eu sei que não tem ninguém lendo mesmo.
Mas vamos lá para as novidades.

The good

Bom, desde o dia 03 de fevereiro que estou encarando um novo desafio. Fui contratado como Senior UX Designer na Agilize Contabilidade Online, uma startup de contabilidade que recebeu um investimento bacana e agora está em fase de crescimento.
Exatamente por isso a empresa precisou crescer os times, principalmente o de Engenharia e formar um novo time: o de Produto.
Antes, não havia nenhum designer na empresa e eu cheguei para coordenar essa nova equipe que se forma.

Já contratei 3 designers para compor a equipe e estamos trabalhando de forma remota, claro, por causa do isolamento social estabelecido. Tudo por causa do Corona Vírus.

Tá tudo muito bacana. Grandes desafios e estamos nesse momento construindo um Style Guide e um Design System, além de resolver algumas dívidas técnicas que temos há 7 anos. Bobagem…

A única coisa que me incomoda nesse processo todo é…

The bad

…uma coisa da cultura da empresa que notei ao longo dessa jornada inicial: o reforço positivo exagerado.

Mas é exagerado demais.
Eu sou totalmente à favor do reforço positivo para o time, desde que seja algo equilibrado, com propósito, pertinente. Desde que seja realmente positivo.
O exagero nas reações que vi até agora soa para mim como algo falso. Como bajulação. Como imaturidade mesmo.

Como bem disse um amigo, parece até uma tentativa de acobertar a consciência de que seu trabalho é mediano e que tecendo elogios de maneira exagerada você tem a sensação de que está contribuindo de forma fantástica para a empresa.

Porra, nada disso!
É bizarro.
Eu tenho que aprender a lidar com isso, porque isso me incomoda.
Tudo que se faz é incrível. É fantástico. O time é sensacional, é foda, é o melhor time de todos os tempos. Tudo parece ser genial.
Da feature que ajuda até o email que se envia. Tudo é fenomenal.

NÃO É!
Não é nem de longe.

Essa necessidade da aprovação alheia é perigosa.
Acaba estabelecendo o conformismo camuflado de que qualquer coisa que se faça é sensacional. De que todos vão gostar e que aquela vírgula que você mudou no texto vai simplesmente salvar o mundo.
A qualidade da entrega cai.

O reforço que era pra ser algo positivo, acaba sendo algo extremamente negativo. Para a pessoa, para o time e para a empresa.

The Ugly

Tá feia a coisa.
Não é só lá na empresa que eu vejo isso. Outras startups agem da mesma forma ou ainda pior. Chega a ser nojento. Acham que todos do time são os melhores do mundo. Uma grande fazenda de unicórnios perfeitos.

Assim como os unicórnios, essas pessoas não existem. E se existissem, não estariam empregadas em sua pequena empresa.

Mas vai melhorar. Acredito que com a chegada de pessoa mais maduras na empresa, essa cultura passe a ser vista como algo nocivo para o bom andamento dos trabalhos daqui pra frente.

Precisamos amadurecer isso. Urgente.

Eu sigo em frente. Sempre.

L.