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A ignorância é uma bênção

Apesar de discordar dessa frase proferida pelo Cypher no filme Matrix de 1999 num âmbito geral, em alguns momentos da vida ela faz sentido para mim. São poucos, mas faz.

Estamos chegando em um período que é bastante chato e traz à reboque uma série de problemas que são difíceis de remediar. Estou falando das eleições.
Já que temos a possibilidade de livre expressão (nem tanto), as redes estão inundadas com postagens de reclamações, militâncias, argumentações, ofensas, discursos de ódio e de amor odioso camuflado, enfim, uma série de tentativas de posicionamento com e sem sentido apenas para fazer valer o direito de se posicionar num dos lados da balança de horrores.

Atitudes binárias num discurso não-binário.

Eu decidi, por livre e espontânea falta de opção, exercer o meu direito à ignorância. Faço isso contra a minha vontade, ao mesmo tempo que tomo essa decisão para ter saúde mental e conseguir me distanciar da energia negativa e irritante que paira sobre todo e qualquer ponto de contato com as redes.

Abdico de muitos, muitos grupos no Whatsapp, onde o que prevalece é a militância imbecil do enaltecimento da desonra, representada por falsos heróis, que nos intervalos do marketing e da lavagem cerebral, brindam juntos pela disputa e alternância da canalhice ovacionada, rindo largamente das marionetes que já não precisam mais de cordinhas para se mexerem. Idiotia autômata.

Discutir política deixou de ser discutir política. Não se discute mais ideias. Aliás, não há nem mais a discussão no sentido puro e benéfico do ato. Falar das atrocidades e acusações virou o esporte favorito da grande manada que se posiciona na expectativa de ter sua identidade conferida pela aprovação alheia. Senso de pertencimento de grupo para acalmar um pouco o mar revolto do vazio interior que tanto incomoda sem nem mesmo ser consciente. E destilar a raiva contida pela consciência da finitude e insignificância.

Já não acesso mais as redes como acessava anteriormente. E todo post que leio com cunho político, aliás, nem deveria chamar de político e sim de manipulação (consciente ou inconsciente), eu removo da minha timeline. Cancelo inscrições. Paro de seguir. Simples assim.

O resultado disso é que tem feito um bem danado. E é só por isso, pela minha paz e saúde mental (que tá cada dia mais difícil da gente controlar) que eu concordo com o Cypher.

Martin Luther King disse certa vez que “O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons.”

Desculpa MLK…mas nas redes sociais só tem gritos.

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