Pois é.
Você aplicou para diversas vagas, mandou seu currículo, organizou um portfolio, fez a aplicação pelo LinkedIn ou outra plataforma qualquer de busca de empregos e já faz mais de 1 semana que não tem uma resposta sequer. Só recebeu aquele email avisando que “sua aplicação foi recebida com sucesso e em breve entraremos em contato”.
Daí que você questiona: defina breve, por favor?
É fato que, para quem está buscando uma vaga como júnior, migrando de área ou até mesmo querendo evoluir na carreira que já tem, a experiência de busca de uma oportunidade às vezes é frustrante. Aliás, para a maioria das pessoas, é bastante frustrante mesmo.
Ah, e fora a falta de respostas ainda tem as negativas. E essas, dependendo do nível de expectativa (ou até mesmo da necessidade de cada um) podem gerar uma frustração e tristeza ainda maior.
Não é fácil, eu bem sei.
Mas e aí?
Vai ficar triste, tristinho? Mais sem graça que a top model magrela na passarela?
Talvez sejam essas negativas e silêncios que sirvam de material para buscas e aplicações mais efetivas. Talvez seja exatamente isso que você esteja precisando.
Outro dia, em uma mentoria que fiz com um candidato a UX Designer Júnior lá da terra da rainha highlander, essa questão veio à tona. O jovem britânico se queixava que ele aplicava para uma infinidade de vagas mas que não tinha respostas das empresas. Eventualmente, quando chegava algum feedback, era uma singela e educada negativa. Ele tinha trabalhos bacanas (feitos em cursos e bootcamps), um currículo bonitinho, todo arrumado visualmente. Me disse que chegava até as fases de entrevista mas que depois a coisa “degringolava” (sempre quis usar essa palavra num artigo de forma que fosse coerente. Finalmente consegui!).
Outra mentorada, desta vez lá de Calcutá (sério…esse pessoal me encontra escondido aqui em Salvador!), relatou os mesmos problemas há alguns dias. Vários trabalhos, currículo, páh… Mas na hora de aplicar para as vagas…nada! “O que eu faço, Mr. Lau?”, perguntou-me com o difícil e nem sempre compreensível sotaque indiano na hora de falar inglês. Trouxe esses dois exemplos importados para mostrar que esse tipo de dificuldade não acontece apenas na terra brasilis. É no mundo todo, my brother!
-Sim, meu nobre, já entendi e acontece comigo também. Você vai me iluminar com o reluzente brilho de sua vasta escassez capilar ou o quê?
Nem vou. Pelo menos por agora. Mas o que posso dizer é que eu notei um padrão em TODOS os que chegavam para mim com essa inquietação espiritual. E esse padrão também me assombrava há muitos anos.
Já ouviu essa expressão: “casa de ferreiro, espeto de pau”?
Analisando os materiais eu notei que a experiência para quem era abordado com a solicitação de emprego era ruim. Seja um recrutador ou um Designer mais sênior que tinha que analisar o que a pessoa tinha feito até então.
Inconsistência, desorganização, falta de objetividade, objetividade demais, coisas sem sentido, dentre outras muitas coisas.
O Designer vive falando em metodologias, pesquisa com usuários, prototipação, “disáine finquin”, ux writing, persona, produto, liderança, sentar na mesa das decisões, etc. Mas não analisa o material de “venda” dele mesmo.
Eu poderia parar o artigo por aqui, porque pra bom entendedor…
Mas eu vou dar mais alguns passos.
Enquanto a gente (sim, eu sou designer também) não pensar em nossos portfolios, currículos, movimentos, como um PRODUTO, continuaremos tendo negativas e falta de respostas. Você não é um produto mas o que você entrega para vender você, é!
É o bom e velho “saber embalar”. E não estou falando aqui de mentir ou ocultar coisas tenebrosas sobre a sua trajetória. Estou falando em saber encantar com o que você tem de melhor, de uma forma estruturada, lógica e que ajude a pessoa que está analisando sua experiência (ou falta dela) e te entrevistando, saber se você é realmente adequado para aquela vaga ou não.
Obviamente, o fato de você ter um material e PRINCIPALMENTE UMA ESTRATÉGIA de busca e aplicações para vagas não é certeza de contratação na primeira tentativa. Mas aumentam e muito as suas chances de ser notado em um oceano de candidatos que não tem.
Se você está nesse movimento de busca ou evolução de sua carreira, avalie o material que você tem atualmente.
É consistente? Você explica os “por quês” de tudo o que você fez? Dá pra perceber como é o seu modo de pensar na resolução de problemas?
- Peça ajuda a algum amigo que está um pouco mais na frente na carreira.
- Peça feedback em todas as vezes que você recebeu uma negativa. Isso ajuda demais a saber que pontos você precisa melhorar.
- Seja humilde quando pedir seus feedbacks. Eu sei que a empresa que te negou é cega em não perceber a sua magnitude de soft e hard skills…mas faça de conta que você é uma pessoa normal e que está procurando melhorar. E que eles podem te ajudar nisso.
- Estruture/documente toda aplicação que você fizer. Saiba quem é o recrutador. Tente tirar suas dúvidas sobre a vaga. Sempre tem. Sempre tem!
- A empresa quer saber quem é você. Dê o troco! Quem é essa empresa? Serve pra mim?
- Pra saber se serve ou não é importante saber quais os seus objetivos de carreira. Você sabe qual é o seu?
- Procure um mentor (não, não é jabá…) que vai te guiar no aprendizado e encurtar bastante os caminhos cheios de armadilhas. Ele já caiu em várias e sabe onde pisa. Deveria, pelo menos.
Enfim, este pequeno artigo é apenas o começo de uma conversa. Há muito o que pode ser dito e, sim, se você estiver na inquietude querendo saber como fazer isso tudo, fala comigo (há…é jabá mesmo).
Eu não te prometo sucesso. Isso depende de você.
Mas te mostro o caminho que eu percorri. Onde errei, onde acertei e onde continuo aprendendo.
Não esqueça: Siga em frente. Sempre. E até o próximo acampamento.